sexta-feira, 17 de julho de 2020

A ARTE DA INVOCAÇÃO





     O ato da invocação está presente em inúmeras culturas. Orações, cânticos, mantras fazem parte da liturgia de diferentes religiões e são termos utilizados para expressar o ato de invocar. A palavra invocar vem do latim invocare. Este termo pode ser dividido em in, significando para dentro e vocare que expressa a idéia de chamar. Desta maneira, podemos concluir que quando invocamos uma força divina estamos atraindo os poderes e atributos de uma determinada divindade para dentro de nós ou ao nosso mundo. A terminologia invocar também tem sido usada amplamente para representar a idéia de chamar algo em auxílio. O intuito das orações e cânticos sagrados das muitas religiões, em todo mundo, possui exatamente esta intenção: tornar o divino manifesto através de nós para nos ajudar. Todas as religiões do mundo utilizam a oração como tentativa de comunicação com os seus Deuses. A oração é o ato da invocação na prática. A arte da invocação pode ser compreendida como a capacidade de se comunicar com os Deuses, espíritos ou Outro mundo através de uma seqüência de palavras estruturadas de forma poética, repetitiva ou mântrica com a função de pedir auxilio, orientação ou transmitir e compartilhar emoções, pensamentos e sentimentos ao Divino. Uma invocação pode ter a forma de um poema, ladainha, hino ou encantamento. Ela pode ser espontânea ou fazer parte de um conjunto invocatório usado ao longo do tempo e repetido continuamente por um grupo de fiéis. A invocação com o intuito de alterar a realidade através da comunicação com Divino é tão antiga quanto o surgimento da própria vida. Em caracteres rupestres nas paredes das cavernas podemos ver vestígios deixados pelas primeiras civilizações da humanidade que dão indícios de que os povos primitivos já faziam uso desta arte há milênios. Encontramos vestígios das primeiras manifestações mágicas e religiosas a partir de 120 000 AEC1 . Estas primeiras formas de expressão religiosas atestam o culto aos mortos e uma prática espiritual xamanística-animista, cujos principais itens de veneração incluíam árvores, animais, pedras, locais de poder e objetos ritualísticos. Já nessa época podemos vislumbrar o início do uso da arte da invocação em um contexto ritual e religioso em vestígios arqueológicos deixados no interior das cavernas e que trazem demonstrações de zooantropomorfismos. Os homens aparecem nessas inscrições geralmente prestando alguma forma de reverência. Em muitas delas, eles são mostrados com as mãos para o alto em movimentos de dança, demonstrações claras da invocação dos poderes divinos para alteração de consciência e da realidade física exterior. Também são comuns caracteres rupestres com desenhos de homens cobertos com peles de animais, registrando os primeiros Xamãs da humanidade, os homens sábios que através da invocação de poderes extraordinários serviam como intermediários entre o mundo dos Deuses e espíritos.

De Claudiney Prieto

Gratidão

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